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Convidado especial - Daniel Chaves

Olá pessoal,

falar do Vinícius e o seu “Crazy style” é algo complexo para muitos, inclusive para mim que acompanho de perto a sua rotina diária.

Para uma maioria é também complexa de entender o seu modo de vida. Pois não é sempre que, em um País de cultura esportiva limitada como o Brasil, nos deparamos com alguém de uma dedicação ímpar e um foco extremo ao objetivo, e como a cultura condiciona a visão do mundo e do homem, algumas vezes surgem críticas e estranheza ao trabalho realizado. Muitas vezes provindas de tais seres condicionados a esse meio subdesenvolvido culturalmente.

Há exatos 12 meses, quando aceitei com imensa alegria o desafio de vir a Brasília e buscar junto ao Crazy do cerrado, maneiras de contribuir no processo evolutivo de sua carreira como triatleta (em minha especialidade que é a corrida de longa distância) não fazia ideia de como era essa Crazy rotina que ele vivia, e confesso que no início foi difícil entender como alguém poderia conciliar quase 8 horas diárias de treinos de alto rendimento com a vida cotidiana de um empresário de sucesso e ainda estar junto a família. Dadas minhas experiências até o momento, esse método não representava um sinônimo de sucesso em minha limitada visão.

Mas, felizmente venho a cada dia sendo provado contrário. Essa imersão em seu cotidiano me mostra que, com uma dedicação e um foco superior, tais barreiras e paradigmas limitantes impostos pela sociedade, podem sim ser quebrados. Ainda segundo a minha opinião, esse é o maior legado que o Crazy do cerrado pode nos deixar, o de que não há limite para o ser humano e para a mente que não possamos ultrapassar.

E para o Crazy tais limites devem ser quebrados diariamente, sejam com um ganho de watts no ciclismo da temida “Frita Miolos” (rodovia com ascenso...) ou encarar o frio da piscina às 5 a.m pois ele tem um compromisso de trabalho cedo.

Com o passar do tempo os desafios do Crazy do cerrado vem tornando-se cada vez maiores, a barreira do limite cada vez superada, ergue-se a um novo patamar de dificuldade e por isso a importância ainda maior da preparação, através de uma construção e a devida periodização do treinamento. Assunto o qual vamos abordar a seguir, sobre a minha visão de atleta de alto rendimento.


Meu entendimento sobre periodização é baseado em um método utilizado atualmente por grandes executivos mundialmente conhecidos, e que foi um dos símbolos da revolução industrial japonesa após a segunda guerra mundial, o eficiente método “Kaizen” – Pequenos passos para uma melhora constante.

Embora a periodização não seja exatamente isso, faz-se um paradoxo quase que perfeito com o mesmo, dado que, na periodização nos baseamos em dividir um modelo de treinamento (o todo) em várias unidades de treinamentos (os pequenos passos) e assim termos a capacidade de desenvolver com maior qualidade e eficiência cada ponto da fisiologia do exercício (força, velocidade, técnica, ritmo etc.).

Dentro da Periodização temos algumas etapas que precisam e devem ser respeitadas, tanto por atletas profissionais quanto por atletas amadores, evitando assim sobrecargas no treinamento, lesões e os temidos Overtraining’s.

Muitas vezes, devido ao apertado calendário de competições essa periodização precisa ser ajustada em ciclos menores, mas jamais deve ser negligenciado o tempo mínimo em cada ciclo de trabalho (Micro, Meso e Macrociclo).

O Crazy do cerrado tem a sua periodização ajustada em 4 etapas em um macrociclo (16 a 20 semanas), sendo:

  • Preparação Geral: Onde graduamos o corpo com Força, Resistência e Agilidade Muscular.

  • Preparação Específica: Com as forças devidamente ajustadas, trabalhamos movimentos específicos (técnicas) de cada esporte (Natação, Ciclismo e a Corrida).

  • Período Competitivo: Através dos resultados obtidos nas fases anteriores conseguimos aumentar a intensidade progressivamente até chegar ao ponto máximo de performance e mantermos até o período da competição.

Um detalhe curioso e inovador na preparação para a recente prova do Vinícius no IM Copenhagen, foi a implantação de um novo trabalho de força específica durante a fase final de preparação para a prova. Nós trabalhamos a força rápido dentro de alguns circuitos e foi algo que deu bastante certo, dado os feedbacks do mesmo durante a preparação e o expressivo resultado obtido na prova dinamarquesa.

  • Período de Transição: Muito devido ao apertado calendário de provas, normalmente essa é a fase mais curta do Macrociclo, mas nem por isso desnecessária. Essa fase tem por objetivo recuperar o corpo do trabalho intenso realizado na pré-competição. Durante essa fase, continuamos ainda nos exercitando, embora com Intensidade e volume do trabalho reduzidos em comparação a fase anterior, mantendo assim o corpo em atividade, evitando qualquer tipo de inércia, o que colocaria em risco todo o desenvolvimento obtido na fase anterior. Além de prevenir as sobrecargas, evitando lesões por um possível overtraining.

Respeitados os períodos de treinamento anteriormente citados, a tendência é de iniciarmos um próximo ciclo com uma preparação física bem melhor e assim seguir evoluindo e quebrando os limites do corpo.


Bom, é isso. Agradeço ao Vinny a oportunidade de dividir um pouquinho da nossa rotina com todos vocês e que nosso trabalho sirva como motivação para todos que desejam vencer seus próprios “limites”.

Daniel Chaves


Aviso legal:

Tendo como base o princípio da individualidade biológica onde se pondera que, cada organismo reage de formas diferentes ao mesmo estímulo aplicado, as fórmulas anteriormente descritas, servem somente como ilustração de um trabalho desenvolvida por um atleta altamente treinado e as mesmas não devem ser replicadas sem a devida prescrição e acompanhamento de um profissional capacitado para o mesmo.

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